Além da Guerra: por uma terceira via pacifista e inclusiva
- relatorio6
- há 21 minutos
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*Por Luiz Henrique Arruda Miranda
Vivemos tempos de tensões crescentes, de palavras afiadas e dedos no gatilho — comerciais, políticos, culturais. O mundo parece girar em torno da disputa entre Estados Unidos e China, encenando uma guerra que não é só tarifária, mas simbólica, repleta de armadilhas narrativas. De um lado, o modelo liberal hegemônico; do outro, a força estatal que desafia a ordem global. Mas não nos enganemos: essa suposta dicotomia é um teatro perigoso, que reduz a complexidade do planeta a um duelo maniqueísta entre “bem” e “mal”.
Rejeito, com clareza e serenidade, essa polarização estéril.
O que assistimos não é o avanço da civilização, mas uma espécie de regresso feudal, travestido de modernidade. As batalhas agora são travadas com palavras diplomáticas e tarifas bilionárias, mas o pano de fundo não mudou: hegemonia a qualquer custo. A diferença? Hoje, o arsenal inclui poderio nuclear e algoritmos geopolíticos que colocam em risco não apenas nações, mas a própria condição humana.
Enquanto isso, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU — os ODSs — e a Agenda 2030são tratados como retórica de palco, quando deveriam ser pilares de ação global. Nessa encruzilhada, não há futuro viável que se sustente na lógica da imposição ou da retaliação. A única saída é a cooperação radical, ancorada na ciência, na ética, na empatia e na não violência.
Sim, é possível — e necessário — construir uma terceira via.
Uma via que não compactue com violência, seja ela econômica, ambiental ou simbólica. Que entenda o papel da ciência como ponte, não como trincheira. Que priorize o bem-estar coletivo sem abrir mão da liberdade e da justiça. Que reconheça na diversidade humana — de idiomas, culturas, religiões, identidades, cores e ideias — um patrimônio valioso e inegociável. E que promova inclusão não como concessão, mas como princípio estruturante da paz.
Essa nova via precisa ser solidária, colaborativa e inclusiva. Uma via onde os interesses nacionais não se sobreponham aos direitos universais. Onde nenhum povo seja descartável. Onde o poder econômico seja exercido com responsabilidade social e ambiental. E onde o “todes” não seja apenas um termo de linguagem neutra, mas a expressão de uma vontade coletiva de incluir a todos e todas de forma plena, humana e verdadeira.
A terceira via que proponho não é ideológica — é ética e civilizatória. Ela exige coragem para romper com ciclos viciosos de dominação, humildade para ouvir, e ousadia para agir em rede. Exige que líderes não se armem para confrontar, mas para curar feridas planetárias: da fome às mudanças climáticas, da intolerância à exclusão digital.
Que não nos falte lucidez. Que não nos falte ternura. E que não nos falte tempo — porque o planeta e as pessoas não podem mais esperar.
*Luiz Henrique Arruda Miranda é Comunicador Social e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada, skalega, publisher do portaldohoteleiro.com.br, da Revista Visite Guarujá e diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo
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